Fotografia e entrevistas: Valéria Cunha
Texto e edição final: Silvia de Souza Leão
A região do Xingu, conhecida por sua vasta produção agrícola, ganhou um novo impulso no setor do cacau e chocolate com a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre a Associação BioTec-Amazônia e o Instituto Federal do Pará (IFPA). Entre os interesses recíprocos da parceria, firmada em setembro de 2024, o incremento à formação de capital humano da região é destaque, no âmbito acadêmico, para alunos do IFPA que executam atividades de iniciação científica, direcionada às demandas tecnológicas das cadeias produtivas do cacau e do chocolate, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região.
O projeto, que já está em plena execução, visa a capacitação dos produtores desde o manejo do cacaueiro até etapas mais avançadas, como a precificação de produtos e a elaboração de embalagens. De acordo com Amarílis Aragão, Coordenadora do Escritório de Gestão de Projetos da BioTec-Amazônia, uma das principais metas do projeto é identificar os gargalos tecnológicos das cadeias produtivas e, a partir daí, desenvolver soluções inovadoras para superar esses desafios. “Além de capacitar os produtores, queremos utilizar esse processo para levantar as demandas tecnológicas da região e desenvolver projetos que atendam a essas necessidades“, explica.
A parceria também prevê o pagamento de bolsas de iniciação científica para estudantes do IFPA, o que permitirá que eles se envolvam ativamente no desenvolvimento e implementação de soluções para os desafios encontrados pelos produtores. Para os estudantes envolvidos, a experiência tem sido enriquecedora e oferece uma oportunidade única de aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula diretamente no campo, impactando positivamente a produção local.
Esse processo inclui a orientação dos alunos de Iniciação Científica, realizado pela BioTec-Amazônia, onde Amarilis Aragão, que coordena o EGP, é mestre e doutoranda em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (NAEA/UFPA) terá participação fundamental. “É importante frisar que a BioTec-Amazônia também é uma Instituição de Ciência e Tecnologia capaz de realizar essas orientações”, relatou.
Transformando a realidade local: Depoimento de alunos do IFPA – Evelyn Karolyne Marinho Santos, estudante do curso de Informática do IFPA, vê a parceria com a BioTec-Amazônia como uma oportunidade para potencializar a produção familiar de cacau. Ela destaca que, mesmo sendo oriunda de uma comunidade rural próxima a Uruará, ela nunca imaginou que teria a chance de contribuir para o aprimoramento da produção do cacau. “Nós vimos nossos familiares mexendo com cacau e fazendo parte dessa cadeia produtiva, e agora estamos aqui para ajudar a potencializar essa produção, melhorar a qualidade do cacau e apoiar nossa família de uma forma que antes parecia impossível”, afirmou Evelyn.
Ellen Jordina da Silva Freitas, aluna do curso Técnico em Agropecuária, acredita que essa parceria será uma oportunidade de aprimorar o trabalho no campo e ajudar a capacitar os produtores. “Como futura técnica em agropecuária, sei que muitos produtores enfrentam dificuldades, desde a falta de conhecimento do processo de manejo e produção até a questão da alfabetização. Acredito que, com essa parceria, podemos formar uma equipe mais especializada para ajudar os produtores a melhorar a produtividade e a qualidade do cacau e outros produtos“, disse Ellen.
Higor Gabriel Oliveira, estudante de Técnico em Informática, enfatizou o impacto da tecnologia no setor. “Pretendo trabalhar na automação das lavouras, aplicando meus conhecimentos em tecnologia para melhorar a produção e reduzir o tempo de resposta no cultivo do cacau“, contou Higor.
O impacto da parceria para a região e a formação dos alunos – Para o Professor Ailton Lopes de Sousa, Diretor de Ensino e Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão do campus Altamira, a parceria é um marco importante para a integração do ensino, pesquisa e extensão na região. “Estamos muito felizes com essa colaboração com a BioTec-Amazônia. Essa parceria fortalece nossa missão de capacitar nossos alunos, ao mesmo tempo em que atende às necessidades da comunidade local. A capacitação dos estudantes, aliada às atividades práticas com os produtores, vai prepará-los para o mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento da cadeia produtiva do cacau“, afirmou.
Karlyene Sousa da Rocha, Chefe de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do IFPA Campus Altamira, também compartilha da mesma visão otimista. “Essa parceria é o casamento perfeito entre a expertise da BioTec-Amazônia em captação de recursos e a formação dos nossos alunos. A interação dos alunos diretamente com os produtores vai enriquecer a formação deles, além de abrir portas para futuras colaborações”, destacou Karlyene.
Desenvolvimento econômico e social – A parceria entre a BioTec-Amazônia e o IFPA é mais do que um simples acordo acadêmico e institucional; ela representa um marco no fortalecimento da cadeia produtiva do cacau no Xingu, uma região com grande potencial, mas que enfrenta desafios significativos. A capacitação dos produtores, aliada à implementação de soluções tecnológicas inovadoras e à participação ativa dos estudantes, promete transformar a realidade local, aumentando a competitividade da produção e gerando mais oportunidades de emprego e renda para a comunidade.
Além disso, a iniciativa serve como modelo de como parcerias entre instituições de ensino e organizações não-governamentais podem criar um ciclo virtuoso de desenvolvimento, em que a educação e a pesquisa são fundamentais para o progresso sustentável e para o bem-estar das populações locais. O sucesso desse projeto poderá servir como referência para outras iniciativas, inclusive no setor agropecuário e em diversas cadeias produtivas da Amazônia.
Por isso, com a assinatura deste acordo de cooperação técnica, a BioTec-Amazônia e o IFPA deram um passo importante para o fortalecimento da cadeia produtiva do cacau e chocolate na região do Xingu. A capacitação de produtores, a implementação de tecnologias inovadoras e a formação de profissionais altamente qualificados têm o potencial de transformar a economia local, melhorar a qualidade da produção e gerar novos horizontes para a região. Ao unir o conhecimento acadêmico com as necessidades reais do campo, a parceria entre as duas instituições contribui para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
