Entrevistas: Valeria Cunha
Texto e Edição Final: Silvia de Souza Leão
Nos dias 19 e 20 de dezembro, a Associação BioTec-Amazônia promoveu, na Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Altamira, o curso de capacitação em Gestão de Fábrica de Chocolate e Precificação de Produtos. O evento reuniu diversos produtores locais, que participaram ativamente das atividades e receberam certificação, com carga horária, como parte do projeto.
O objetivo da capacitação foi qualificar os produtores locais, fortalecendo as empresas da região e preparando-os para os desafios do mercado global. João Araújo, proprietário do Sítio Paraíso Orgânico, localizado em Brasil Novo, destacou a importância do curso. “Esse curso está sendo muito bom para fazermos uma análise da nossa realidade e aprender a elaborar um planejamento estratégico a longo prazo para as nossas atividades com o cacau e o chocolate”, afirmou Araújo.
Elias Souza Rufino, morador de Altamira e estudante de Engenharia Agronômica na UFPA, também comentou sobre a relevância da formação. “O que achei mais importante foi a questão da precificação, para saber quanto devemos investir no nosso negócio, o que devemos valorizar e o que podemos perder, para que possamos colocar o produto à venda com um preço acessível ao consumidor”, avaliou Rufino.
Camila Pereira, do Sítio Água Boa e estudante de Engenharia Ambiental na UEPA, ressaltou a importância da capacitação para o seu desenvolvimento profissional. “Fiz um curso de chocolatier e meu pai tem uma área de 2 alqueires de terra. Este curso tem sido uma excelente oportunidade, que não podemos deixar passar. Ele agrega valor à nossa produção e nos ensina a gerir nosso negócio para sair no lucro, sem prejuízos, e oferecer uma boa experiência ao cliente”, afirmou Camila.
A capacitação foi conduzida pelo renomado chocolatier Fabio Sicilia, membro da Academia Brasileira de Gastronomia e reconhecido internacionalmente por seu trabalho inovador com chocolates amazônicos. Durante as palestras, Sicilia enfatizou a importância da verticalização da produção de cacau na região, destacando que isso não apenas aumenta a qualidade e a quantidade da produção, mas também agrega valor aos produtos. “A verticalização é fundamental para o fortalecimento da cadeia produtiva e para posicionar o cacau amazônico no mercado global com um valor mais competitivo e sustentável”, comentou o chocolatier.
Fazendo um paralelo entre o município de Medicilândia, onde aconteceu a primeira rodada de capacitação, e o município de Altamira, Fábio Sicilia destacou mudanças no comportamento dos participantes e as oportunidades de um grande potencial para a região. Ele afirmou que, em Altamira, as pessoas estavam melhor preparadas do que em Medicilândia, pois já estavam mais envolvidas com a questão comercial e com a produção. “Estão muito focadas em ter uma precificação correta e no cálculo de custo. Lá (em Medicilândia), o pessoal ainda estava mais focado na parte de produção. Eu vislumbro que teremos que voltar porque ainda descobrimos muitas lacunas que precisam ser preenchidas urgentemente, pois o pessoal é bom, está ansioso para fazer acontecer e precisa de mais informação.”
A iniciativa também visa expandir a formação de profissionais por meio de bolsas de pesquisa e firmar parcerias com instituições locais para fomentar o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do cacau e do chocolate. Durante a capacitação, foram abordados temas que conectam inovação, tradição e sustentabilidade, preparando os produtores da região para atender às exigências do mercado global.
As capacitações, que já ocorreram em municípios como Medicilândia e Altamira, continuam com novas edições previstas para os municípios de Anapu, Pacajá, Placas, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu. A meta do projeto é capacitar até 700 produtores e profissionais da cadeia do cacau e chocolate entre janeiro de 2024 e março de 2025, impulsionando o crescimento e a competitividade da região no cenário internacional.