A cidade de Belém do Pará foi palco, nos dias 27 e 28 de maio, de um dos eventos mais relevantes para o futuro sustentável da região: o Fórum Internacional de Bioeconomia Amazônica (FIBAM 2025). Realizado na Estação das Docas, o encontro reuniu pesquisadores, especialistas, representantes do setor produtivo, agências de fomento, lideranças internacionais e investidores para discutir caminhos concretos rumo a um modelo de desenvolvimento baseado na bioeconomia.
Com uma programação dinâmica, o FIBAM promoveu palestras, mesas de negócios na área externa e blocos temáticos que abordaram desde inovação e sustentabilidade até políticas públicas voltadas ao desenvolvimento regional. A proposta foi consolidar o entendimento da Amazônia como o maior polo bioeconômico terrestre do planeta — capaz de integrar geração de renda, conservação da biodiversidade, valorização dos saberes tradicionais e avanços tecnológicos.
Entre os destaques do evento esteve o depoimento (clicar na imagem) enviado por Jorge A. Guimarães, que participou de forma virtual. Médico-veterinário formado pela UFRRJ, com doutorado em Biologia Molecular pela UNIFESP e pós-doutorado no NIH (EUA). Membro titular da Academia Brasileira de Ciências, foi pesquisador 1A do CNPq até 2015 e bolsista sênior até 2022. Atuou como professor em várias universidades brasileiras e coordenou o Laboratório de Bioquímica Farmacológica do HCPA.
Na gestão científica, Dr. Jorge Guimarães presidiu o CNPq, CAPES, CTNBio e EMBRAPII. É Professor Emérito por quatro instituições e Doutor Honoris Causa por universidades nacionais e internacionais, incluido a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), localizada em Santarém (PA). Com cerca de 190 artigos científicos publicados, destaca-se nas áreas de bioquímica farmacológica, hemostasia, trombose e cientometria, além de ter recebido prêmios como a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico.
Em sua mensagem, Dr. Jorge ressaltou a importância de um fórum sobre bioeconomia ser realizado na própria Amazônia, especialmente às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para ocorrer em Belém. Segundo Guimarães, essa conexão direta com o território amazônico amplia a responsabilidade dos gestores diante do crescente interesse internacional sobre a biodiversidade da região.
“O Fórum está programado para destacar a importância da bioeconomia amazônica e suas relações com as oportunidades de unir o conhecimento científico ao tradicional, buscando desenvolver produtos inovadores com base sustentável”, afirmou. Para ele, o evento representa uma resposta concreta às práticas predatórias, como a derrubada irresponsável da floresta nativa, e projeta um modelo de desenvolvimento comprometido com a conservação.
Em seu depoimento, Guimarães também destacou a sessão dedicada ao projeto do Centro Avançado de Pesquisa e Inovação Biotecnológica da Amazônia Oriental — o IWASÁI. Coordenado pelo pesquisador Arthur Silva (UFPA e Diretor Técnico da Biotec-Amazônia) e presidido pelo Professor Seixas Lourenço, o centro reúne diversas instituições da região, em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), sediado em Campinas.
“O papel do Centro IWASÁI é colocar a ciência a serviço do conhecimento profundo da floresta, revelando e valorizando riquezas ainda pouco visíveis por meio de soluções tecnológicas e sustentáveis”, afirmou. Guimarães finalizou desejando sucesso ao evento e lamentando sua ausência presencial em Belém, devido à participação, na mesma data, em reunião do Conselho Administrativo do CNPEM.