A rastreabilidade de origem e de produção agrega valor e dá confiança para o mercado consumidor desse segmento.
O veganismo está em um processo de crescimento, acolhendo, diariamente, um grande número de adeptos. No entanto, esse estilo de vida ainda não é um hábito comum. E, pelo desconhecimento sobre esse novo hábito, os produtos veganos ainda são estranhos à boa parte das pessoas. Basicamente, os veganos deixam de lado qualquer atividade que explore animais. “Então, tudo que envolva exploração animal não é considerado vegano”, explicou o Pesquisador Empreendedor Associado da BioTec-Amazônia, Diego Assis, que é professor adjunto na Universidade Federal do Pará (UFPA), e membro da equipe do Laboratório de Engenharia Biológica (Engebio).
O laboratório vai realizar o serviço da rastreabilidade da cadeia de alimentos que além de identificar e determinar a pureza desses produtos, vai também agregar valor à marca e dar confiança para o mercado consumidor. “O veganismo não é e, provavelmente, nunca vai ser regulamentado pelo Estado porque é uma filosofia de vida”, explicou Diego. A pesquisa executada pela BioTec-Amazônia é a primeira desse tipo de análise na América Latina. “Será o primeiro laboratório a desenvolver esse tipo de serviço”, lembrou.
Por isso, o teste é de muita confiabilidade e incontestável. “Todos eles vão passar pelo teste do DNA para dar rastreabilidade de tudo – de origem, de pureza, etc”, reforçou Diego. O Engebio é um laboratório de pesquisa, instalado no Parque de Ciência e Tecnologia – PCT Guamá, e faz parte do grupo de laboratórios da Universidade Federal do Pará – UFPA, que dão suporte à BioTec-Amazônia para ações estratégicas de coordenação e elaboração de pesquisas com recursos do Governo do Estado. A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), assinou convênio com a Associação BioTec-Amazônia, para execução do projeto.
“Além de estabelecer a tecnologia, o projeto vai criar selos de autenticação usando métodos moleculares incontestáveis. É como se fosse um exame de paternidade, que também vai detectar fraudes alimentícias”, relatou o pesquisador. Diego explicou que o consumidor está cada vez mais exigente e busca saber o que está consumindo e de onde vem o alimento. “Hoje você quer saber se aquele gado veio de pasto sem desmatamento ilegal, por exemplo”.
Certificação – As cadeias frigoríficas possuem muitas demandas, pois em um mercado cada vez mais competitivo e exigente são os detalhes na produção que fazem com que um produto ganhe o mundo. “Então, existem pessoas da religião mulçumana que têm uma dieta que não pode comer carne suína. Às vezes, eles consomem, por exemplo, uma carne de hambúrguer que é exportada daqui e que ela precisa de uma certificação de que é uma carne 100% bovina, que não contêm nenhum componente animal que não seja permitido pela religião”. A mesma coisa vale para produtos rotulados como veganos e para várias fraudes alimentícias que existem há muito tempo.
A execução do projeto pretende verificar tudo que for contaminado e adulterado, de modo a ser identificado com as avaliações e testes laboratoriais. “A gente consegue detectar, através do DNA, e, obviamente, a gente consegue detectar a pureza dos alimentos”.
Quem faz os selos veganos? – O pesquisador Diego Assis explicou que cada país tem algumas instituições, e no Brasil, “eles concedem um selo de produto vegano e um selo de produto vegetariano para os alimentos de maneira geral. Porém, nenhum deles utiliza testes baseados em DNA na sua avaliação”, ressaltou Diego.
Como é a organização do selo vegano?– Vão ocorrer duas avaliações: a avaliação técnica e a avaliação científica. “Nós vamos avaliar o modelo de produção daquela empresa. A avaliação científica é que tipo de protocolo se adequa ao tipo de produto, que tipo de tratamento vamos usar na amostra para fazer a extração do DNA. Uma vez o DNA extraído, ai vai pra leitura no equipamento”.
Em termos de molécula, quando vira DNA é tudo igual. “Então, após a coleta, vamos para a análise científica propriamente dita. O DNA extraído é submetido à uma Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em Tempo Real. Se não tem DNA animal, eu faço a emissão do selo. O laudo do teste é gerado no laboratório e a BioTec-Amazônia dá a certificação. Dá os direitos de utilização do selo de acordo com o contrato”. O tempo mínimo do selo vegano que a BioTec-Amazônia pode disponibilizar é de doze meses. Após esse tempo, a empresa pode fazer uma renovação através de uma auditoria pela BioTec-Amazônia, caso o processo de produção do alimento não tenha mudado.
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