Amazônia e Bioeconomia na gastronomia moderna.

Publicado em: 04/05/2021
Autor: Silvia Leão
Assunto: Eventos
Tempo de leitura: 5 minutos

A pesquisa científica traz agregação de valor aos produtos da biodiversidade como o jambu desengordurado e o muruci em pó, sendo que, a BioTec-Amazônia é a ponte entre os pesquisadores e gastrólogos em formação.

Um caminho a ser explorado da gastronomia moderna é trabalhar com insumos que já foram transformados a bem do melhor sabor, da melhor apresentação e da melhor economicidade na preparação dos pratos”. Assim, Giselle Arouck, economista e gastróloga, por formação, professora da Universidade da Amazônia – UNAMA, nos cursos de Administração e Gastronomia, reforça a importância da bioeconomia na arte da culinária. Com isso, a gastronomia paraense acaba tendo um diferencial de mercado e atraindo centenas de estudantes para cursos de graduação e cursos profissionalizantes que desenvolvem pratos novos, com insumos da Amazônia, misturando habilidades básicas com toques da tradicional cozinha francesa.

O encontro virtual, que reuniu cerca de cem pessoas, entre alunos e professores, para uma palestra na última quinta-feira, 29 de abril, fez parte do evento Semana Profissionalizante, da UNAMA. O intuito do encontro era falar sobre o mercado de trabalho e as experiências de dentro e de fora da universidade. Para isso, a professora convidou o Diretor-Presidente da BioTec – Amazônia, Professor José Seixas Lourenço, para falar sobre empreendedorismo e inovação aos alunos da instituição.

Justamente hoje foi prorrogado o Acordo de Cooperação que a BioTec – Amazônia tem com a Universidade da Amazônia – Unama. Nós celebramos em 7 de maio de 2018 e hoje já recebemos o documento assinado com a prorrogação. E, esse acordo, prevê planos de trabalho em conjunto, e agora a gente já tem muita coisa interessante na nossa carteira de projetos ligados por um lado com a gestão e por outro com a gastronomia”, explicou Seixas Lourenço aos presentes no encontro virtual.

O encontro virtual, que reuniu cerca de cem alunos para uma palestra na última quinta-feira, 29 de abril, fez parte do evento Semana Profissionalizante, da UNAMA.

Atuação – A BioTec – Amazônia é uma associação de direto privado. “Na verdade houve um edital de chamamento público, no final de 2016, e nós nos candidatamos e fomos selecionados. E o objetivo da nossa seleção é promover o uso sustentável da biodiversidade estadual e regional. A nossa atuação é, fundamentalmente, na área de desenvolvimento tecnológico e científico. E nós firmamos um contrato de gestão, em dezembro de 2017, com o Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica – Sectet. Nós temos uma equipe boa, muito qualificada e focada”, explicou Lourenço aos estudantes.

De acordo com o Diretor-Presidente, a ideia é consolidar a BioTec – Amazônia como Centro de Inteligência em Bioeconomia da Amazônia. “Sempre com uma perspectiva amazônica. Sempre temos a perspectiva de trabalhar juntando as competências da região”, reforçou. Para isso, conta com projetos de ponta como o Centro de Desenvolvimento Regional – CDR/Pará, instalado em 2020, ainda que atravessando as dificuldades da pandemia da Covid-19. Conforme o Diretor-Presidente da BioTec-Amazônia, mais de duzentos projetos foram enviados à organização social.

Após análise realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE, e homologado 65 projetos de pesquisa, os autores das propostas puderam participar, de maneira virtual, de reunião com membros da equipe CDR/PA e do CGEE. O encontro ocorreu no dia 14 de outubro de 2020 e teve por objetivo orientar e esclarecer os pesquisadores sobre o preenchimento do Plano de Projetos. Como também ocorreu reunião, no dia 15 de outubro de 2020, com os autores dos 41 projetos selecionados para Carteira BioTec-Amazônia, com presença virtual, visando ao esclarecimento da formação do Portfólio BioTec-Amazônia e preenchimento do Plano de Trabalho.

Os Centros de Desenvolvimento Regional são estruturas flexíveis de articulação e gestão, criados por iniciativa do Ministério da Educação – MEC e gerenciados, em nível nacional, pela organização social Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE. O objetivo é mobilizar as competências disponíveis nas instituições de ciência e tecnologia regionais (universidades e institutos de pesquisa) para, ao lado das forças políticas e sociais, pensar, fomentar, apoiar e viabilizar iniciativas empreendedoras, públicas ou privadas, localizadas nos respectivos territórios, tendo por fundamento o uso de saberes e tecnologias disponíveis e a geração de inovação de processos e produtos que contribuam ao desenvolvimento socioeconômico local.

O CDR/PA é o primeiro projeto-piloto CDR na região amazônica e que se predispõe a apoiar a organização de uma agenda de ações das instituições de base técnico-científica, no sentido de atender ao interesse do desenvolvimento de suas regiões.

E, para isso, conta com uma carteira de projetos que tem como temática o desenvolvimento local, aquele impacto no desenvolvimento da região. E, agora, estamos negociando com financiadoras para tirar do papel esses projetos. Nós privilegiamos a temática de bioeconomia com temas como: Desenvolvimento do Agronegócio e das Tecnologias de Alimentos; Bioprodutos; Saneamento Básico; Energia Renovável e Valoração dos Serviços Ecossitêmicos

José Seixas Lourenço, Diretor-Presidente da BioTec-Amazônia que, também, é o Coordenador do CDR/PA.

Rede de Laboratórios – Para além dos projetos selecionados para o CDR/Pará, a BioTec – Amazônia também conta com uma Rede de Laboratórios e de Pesquisadores Empreendedores Associados. Entre os já selecionados, a BioTec – Amazônia trabalha em conjunto com o Laboratório de Tecnologia Supercrítica, para atrair que possibilita o isolamento e a extração seletiva de compostos específicos e resulta em produtos altamente concentrados.

Trabalhando com tecnológica supercrítica há vinte anos, Professor Raul Carvalho explica que hoje chegou a um nível de conhecimento e projeção e desenvolvimento do produto bem tranquilo. “Tudo que a gente faz aqui é daqui para desenvolver o produto e ir para o comércio”. O Coordenador do Laboratório, Professor Raul Carvalho, que também participou do evento, explicou que o laboratório já possui produtos como jambu desengordurado, muruci em pó, azeite de muruci, azeite de cupuaçu, cupuaçu em pó, azeite de açaí, açaí em pó. “Nós estamos agora a disposição dos alunos para que sejam implementados esses insumos no desenvolvimento de novos pratos da culinária paraense”, explicou o professor.

O Laboratório de Tecnologia Supercrítica possibilita o isolamento e a extração seletiva de compostos específicos e resulta em produtos altamente concentrados.

Esses produtos são naturais, livres de solventes, concentrados em compostos bioativos, podendo ser usados como produto final ou insumo, com aplicação em alimentos, cosméticos, medicamentos, nutracêuticos e gastronomia. “Isso é para vocês terem uma ideia da riqueza que descobrimos com a nossa biodiversidade”, revelou Seixas Lourenço, durante a apresentação. Participaram, também, os professores Emílio José Montero Arruda Filho; Alessandra Meirelles; Regina Teixeira e Bernardo Heleno. Ao final, os alunos demonstraram muita satisfação em ter participado do evento e agradeceram a excelente palestra e as participações dos presentes.