A pesquisa científica traz agregação de valor aos produtos da biodiversidade como o jambu desengordurado e o muruci em pó, sendo que, a BioTec-Amazônia é a ponte entre os pesquisadores e gastrólogos em formação.
“Um caminho a ser explorado da gastronomia moderna é trabalhar com insumos que já foram transformados a bem do melhor sabor, da melhor apresentação e da melhor economicidade na preparação dos pratos”. Assim, Giselle Arouck, economista e gastróloga, por formação, professora da Universidade da Amazônia – UNAMA, nos cursos de Administração e Gastronomia, reforça a importância da bioeconomia na arte da culinária. Com isso, a gastronomia paraense acaba tendo um diferencial de mercado e atraindo centenas de estudantes para cursos de graduação e cursos profissionalizantes que desenvolvem pratos novos, com insumos da Amazônia, misturando habilidades básicas com toques da tradicional cozinha francesa.
O encontro virtual, que reuniu cerca de cem pessoas, entre alunos e professores, para uma palestra na última quinta-feira, 29 de abril, fez parte do evento Semana Profissionalizante, da UNAMA. O intuito do encontro era falar sobre o mercado de trabalho e as experiências de dentro e de fora da universidade. Para isso, a professora convidou o Diretor-Presidente da BioTec – Amazônia, Professor José Seixas Lourenço, para falar sobre empreendedorismo e inovação aos alunos da instituição.
“Justamente hoje foi prorrogado o Acordo de Cooperação que a BioTec – Amazônia tem com a Universidade da Amazônia – Unama. Nós celebramos em 7 de maio de 2018 e hoje já recebemos o documento assinado com a prorrogação. E, esse acordo, prevê planos de trabalho em conjunto, e agora a gente já tem muita coisa interessante na nossa carteira de projetos ligados por um lado com a gestão e por outro com a gastronomia”, explicou Seixas Lourenço aos presentes no encontro virtual.
Atuação – A BioTec – Amazônia é uma associação de direto privado. “Na verdade houve um edital de chamamento público, no final de 2016, e nós nos candidatamos e fomos selecionados. E o objetivo da nossa seleção é promover o uso sustentável da biodiversidade estadual e regional. A nossa atuação é, fundamentalmente, na área de desenvolvimento tecnológico e científico. E nós firmamos um contrato de gestão, em dezembro de 2017, com o Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica – Sectet. Nós temos uma equipe boa, muito qualificada e focada”, explicou Lourenço aos estudantes.
De acordo com o Diretor-Presidente, a ideia é consolidar a BioTec – Amazônia como Centro de Inteligência em Bioeconomia da Amazônia. “Sempre com uma perspectiva amazônica. Sempre temos a perspectiva de trabalhar juntando as competências da região”, reforçou. Para isso, conta com projetos de ponta como o Centro de Desenvolvimento Regional – CDR/Pará, instalado em 2020, ainda que atravessando as dificuldades da pandemia da Covid-19. Conforme o Diretor-Presidente da BioTec-Amazônia, mais de duzentos projetos foram enviados à organização social.
Após análise realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE, e homologado 65 projetos de pesquisa, os autores das propostas puderam participar, de maneira virtual, de reunião com membros da equipe CDR/PA e do CGEE. O encontro ocorreu no dia 14 de outubro de 2020 e teve por objetivo orientar e esclarecer os pesquisadores sobre o preenchimento do Plano de Projetos. Como também ocorreu reunião, no dia 15 de outubro de 2020, com os autores dos 41 projetos selecionados para Carteira BioTec-Amazônia, com presença virtual, visando ao esclarecimento da formação do Portfólio BioTec-Amazônia e preenchimento do Plano de Trabalho.
Os Centros de Desenvolvimento Regional são estruturas flexíveis de articulação e gestão, criados por iniciativa do Ministério da Educação – MEC e gerenciados, em nível nacional, pela organização social Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE. O objetivo é mobilizar as competências disponíveis nas instituições de ciência e tecnologia regionais (universidades e institutos de pesquisa) para, ao lado das forças políticas e sociais, pensar, fomentar, apoiar e viabilizar iniciativas empreendedoras, públicas ou privadas, localizadas nos respectivos territórios, tendo por fundamento o uso de saberes e tecnologias disponíveis e a geração de inovação de processos e produtos que contribuam ao desenvolvimento socioeconômico local.
O CDR/PA é o primeiro projeto-piloto CDR na região amazônica e que se predispõe a apoiar a organização de uma agenda de ações das instituições de base técnico-científica, no sentido de atender ao interesse do desenvolvimento de suas regiões.
“E, para isso, conta com uma carteira de projetos que tem como temática o desenvolvimento local, aquele impacto no desenvolvimento da região. E, agora, estamos negociando com financiadoras para tirar do papel esses projetos. Nós privilegiamos a temática de bioeconomia com temas como: Desenvolvimento do Agronegócio e das Tecnologias de Alimentos; Bioprodutos; Saneamento Básico; Energia Renovável e Valoração dos Serviços Ecossitêmicos”
José Seixas Lourenço, Diretor-Presidente da BioTec-Amazônia que, também, é o Coordenador do CDR/PA.
Rede de Laboratórios – Para além dos projetos selecionados para o CDR/Pará, a BioTec – Amazônia também conta com uma Rede de Laboratórios e de Pesquisadores Empreendedores Associados. Entre os já selecionados, a BioTec – Amazônia trabalha em conjunto com o Laboratório de Tecnologia Supercrítica, para atrair que possibilita o isolamento e a extração seletiva de compostos específicos e resulta em produtos altamente concentrados.
Trabalhando com tecnológica supercrítica há vinte anos, Professor Raul Carvalho explica que hoje chegou a um nível de conhecimento e projeção e desenvolvimento do produto bem tranquilo. “Tudo que a gente faz aqui é daqui para desenvolver o produto e ir para o comércio”. O Coordenador do Laboratório, Professor Raul Carvalho, que também participou do evento, explicou que o laboratório já possui produtos como jambu desengordurado, muruci em pó, azeite de muruci, azeite de cupuaçu, cupuaçu em pó, azeite de açaí, açaí em pó. “Nós estamos agora a disposição dos alunos para que sejam implementados esses insumos no desenvolvimento de novos pratos da culinária paraense”, explicou o professor.
Esses produtos são naturais, livres de solventes, concentrados em compostos bioativos, podendo ser usados como produto final ou insumo, com aplicação em alimentos, cosméticos, medicamentos, nutracêuticos e gastronomia. “Isso é para vocês terem uma ideia da riqueza que descobrimos com a nossa biodiversidade”, revelou Seixas Lourenço, durante a apresentação. Participaram, também, os professores Emílio José Montero Arruda Filho; Alessandra Meirelles; Regina Teixeira e Bernardo Heleno. Ao final, os alunos demonstraram muita satisfação em ter participado do evento e agradeceram a excelente palestra e as participações dos presentes.